Minhas janelas estão fechadas.
Toda vez que elas se abrem o vento insiste em trazer poeira.
Algumas sujam meus móveis e são muito difíceis de sair, outras superficiais. Consigo limpá-las com facilidade...
Tanto tempo estiveram fechadas. Tanto tempo meu templo sagrado esteve limpo e protegido.
Droga!
Por que as abri?
Conheço como é difícil deixar tudo em ordem. Conheço como algumas peças são frágeis... Sabia que não devia, mas, ouvia o barulho do vento. Parecia tão bom. Tão gostoso...
Então inconseqüentemente as abri.
No começo foi delicioso o vento era suave, trazia com ele cheiro de flores. Às vezes de chocolate... Outras de chuva!Parecia que enfim as janelas poderiam ficar abertas...
Mas um dia o vento parou. O ar parecia rarefeito e não havia movimento, muito menos cheiro...
Na verdade, parecia não haver ar!
Tudo se fez silêncio e vazio...
E como num passe de mágica, um vendaval se formou. Forte e grandioso o suficiente para remover peças, quebrar outras tantas, encher de poeira, de folhas, de sujeira e de cacos!
Caos!
Vi-me perdida. Não sabia por onde começar. O que manter? Tentaria consertar algo? Jogar tudo fora? O que realmente sobrara? O que eu queria que tivesse sobrado?
Melhor limpar todo quarto. Remover tudo! - pensei.
Demorou...
Hoje ele está quase vazio novamente, uma ou outra peça ainda se mantêm. (As mais raras talvez). Algumas danificadas. Outras novas se misturando as poucas que insisto em manter.
... Mas as janelas. Estas foram e ficarão fechadas... Por muito tempo ainda! Não quero outra surpresa.
Nada de vendavais.
Nada de poeira.
Chega de peças quebradas!
Quero minhas coisas no lugar. Gosto de vê-las, limpas, organizadas e catalogadas. Nenhum vento para mudá-las de posição.
Nem mesmo esta brisa que insiste em entrar pelas frestas. Esta em particular é a que tenho mais medo. Ela é doce e suave. E exatamente por isso me causa pânico!
Quero-a longe de mim.
Longe do meu quarto.
Longe das minhas coisas.
Manterei as janelas bem fechadas!
Sem estragos desta vez.
Sem estragos!
Ela também passará logo, e a vontade de abrir as janelas para senti-la, também.
Não quero correr o risco de vê-la ganhar força. Nós não estamos prontos, (nem meu mundo, nem eu), para outro vendaval. E se é tão seguro aqui. Por que arriscar?
Em outros tempos eu simplesmente abriria as janelas, mas, desta vez. Não. Definitivamente não...
Infelizmente não!
(Acho que finalmente descobri como é chato ser responsável, cautelosa e racional. Talvez tenha finalmente conhecido o significado de maturidade! E não gostei !)
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